...

terça-feira, 6 de maio de 2014

Epílogo

C., Abril de Maio de 2014

O que te vem à memória quando pensas em mim? Antes de mais, ainda pensas em mim?
Hoje estive quase a dizer-te “Perdoo-te”. Mas valerá a pena? Será que ainda pensas em mim como eu ainda penso em ti? Por vezes acredito que sim e que sentes de algum modo a minha falta. Talvez como eu sinto falta de ti, às vezes sem saber porquê. Às vezes sem saber exactamente do que sinto falta. De ti, talvez. Da tua companhia, da tua presença. Do teu corpo, sem dúvida. Houve uma altura em que acreditei que tudo isto estivesse a ficar para trás, mas agora voltou e voltou com mais intensidade.
Na restante parte do tempo duvido de cada palavra, de cada gesto que tiveste. Duvido do teu arrependimento silencioso, dos teus motivos, das tuas desculpas. Fecho os olhos e vejo os últimos meses do ano. E tudo o que vejo são promessas quebradas, palavras ditas em vão, gestos que não significaram nada e meias verdades. Vejo o teu egoísmo e a tua única preocupação: tu próprio e o teu prazer. Vejo na aceitação do afastamento a repetição da mesma atitude de sempre. Dizes que queres uma coisa, mas as tuas acções não mostram isso.
Queria ver o arrependimento sincero no teu olhar e encontrar a pessoa que outrora julguei conhecer.
Por vezes tenho mesmo uma grande vontade de falar contigo, de te dizer tudo isto que escrevi aqui, mas não deverias ser tu a dares esse passo? Será assim tão errado que achar que me deves um pedido de desculpas? Mas tu acomodaste-te. Tanto disseste que querias a minha amizade, mas mal tentaste. Não vejo sentimento nenhum em ti, dor, raiva, tristeza, nada. Pareces-me tão vazio e isso deixa-me tão triste.
Temo que qualquer das decisões que tome me traga, pelo menos no presente, algum arrependimento. Sei que se mantiver este afastamento me irei arrepender por não ter tentado, mas se não mantiver este afastamento sinto que não me estou a respeitar. Poderás dizer que é orgulho, mas é na verdade respeito. No entanto, não queria que as minhas últimas palavras para ti tivessem sido de raiva, embora seja isso mesmo o que eu sinto.
Lamento tanto que as coisas tenham tomado este rumo. Tínhamos tantas possibilidades para o nosso relacionamento, nenhuma delas seria provavelmente aquela que tínhamos planeado, mas ainda assim sei que poderia ter sido bom. Bastava que tivesses sido honesto. Eu sinto-me desrespeitada e usada e sinto que se der este passo estou a permitir que tudo volte a acontecer de novo.
Como posso eu perdoar se da última vez que tentei fazê-lo, indo contra todos os meus instintos, voltaste a repetir tudo o que tinhas feito anteriormente? Às vezes só queria esquecer tudo e aproveitar o máximo que pudéssemos. Eu só queria que tu tentasses estar presente. 

Sem comentários: