C., Abril de
Maio de 2014
O que te vem à memória quando pensas em mim? Antes de mais, ainda
pensas em mim?
Hoje estive quase a dizer-te “Perdoo-te”. Mas valerá a pena? Será que
ainda pensas em mim como eu ainda penso em ti? Por vezes acredito que sim e que
sentes de algum modo a minha falta. Talvez como eu sinto falta de ti, às vezes sem
saber porquê. Às vezes sem saber exactamente do que sinto falta. De ti, talvez.
Da tua companhia, da tua presença. Do teu corpo, sem dúvida. Houve uma altura
em que acreditei que tudo isto estivesse a ficar para trás, mas agora voltou e
voltou com mais intensidade.
Na restante parte do tempo duvido de cada palavra, de cada gesto que
tiveste. Duvido do teu arrependimento silencioso, dos teus motivos, das tuas
desculpas. Fecho os olhos e vejo os últimos meses do ano. E tudo o que vejo são
promessas quebradas, palavras ditas em vão, gestos que não significaram nada e
meias verdades. Vejo o teu egoísmo e a tua única preocupação: tu próprio e o teu
prazer. Vejo na aceitação do afastamento a repetição da mesma atitude de
sempre. Dizes que queres uma coisa, mas as tuas acções não mostram isso.
Queria ver o arrependimento sincero no teu olhar e encontrar a pessoa
que outrora julguei conhecer.
Por vezes tenho mesmo uma grande vontade de falar contigo, de te dizer
tudo isto que escrevi aqui, mas não deverias ser tu a dares esse passo? Será
assim tão errado que achar que me deves um pedido de desculpas? Mas tu
acomodaste-te. Tanto disseste que querias a minha amizade, mas mal tentaste. Não
vejo sentimento nenhum em ti, dor, raiva, tristeza, nada. Pareces-me tão vazio
e isso deixa-me tão triste.
Temo que qualquer das decisões que tome me traga, pelo menos no
presente, algum arrependimento. Sei que se mantiver este afastamento me irei
arrepender por não ter tentado, mas se não mantiver este afastamento sinto que
não me estou a respeitar. Poderás dizer que é orgulho, mas é na verdade respeito.
No entanto, não queria que as minhas últimas palavras para ti tivessem sido de
raiva, embora seja isso mesmo o que eu sinto.
Lamento tanto que as coisas tenham tomado este rumo. Tínhamos tantas
possibilidades para o nosso relacionamento, nenhuma delas seria provavelmente aquela
que tínhamos planeado, mas ainda assim sei que poderia ter sido bom. Bastava
que tivesses sido honesto. Eu sinto-me desrespeitada e usada e sinto que se der
este passo estou a permitir que tudo volte a acontecer de novo.
Como posso eu perdoar se da última vez que tentei fazê-lo, indo contra
todos os meus instintos, voltaste a repetir tudo o que tinhas feito
anteriormente? Às vezes só queria esquecer tudo e aproveitar o máximo que pudéssemos.
Eu só queria que tu tentasses estar presente.