Dizem que o momento mais difícil é aquele imediatamente antes de começarmos. Mas o que fazemos quando o momento certo para fazermos algo pela primeira vez já passou há muito? Como fazer para não parecermos ridículos quando tentamos algo que já devíamos saber fazer de olhos fechados?
Como é que se aprende a arriscar? Devia existir um manual, uma espécie de livro de instruções, talvez cheio de fórmulas matemáticas (a matemática nunca falha) com as quais pudéssemos rapidamente calcular as probabilidades que temos de ser bem-sucedidos ou de, pelo contrário, nos sair o tiro pela culatra, como dizia a minha mãe. Bem sei que isso tiraria toda a graça que a vida tem, que o facto de não sabermos o que vai acontecer a seguir é o que dá sabor à nossa existência. Mas isso é para o resto do mundo, cheio de pessoas confiantes, que parecem sempre saber o que dizer e fazer, qualquer que seja a situação. E eu? Eu, se me apanham desprevenida, se dizem algo que não está no guião, coro e fico atrapalhada. Alguém me disse uma vez: “Tu tens muita coisa para dizer, mas achas que ninguém está interessado em ouvir”. Como posso voltar a encarar alguém depois de ouvir “Não”?
Por vezes tenho a sensação que vivo pela metade. Olho para o lado e vejo as pessoas a experimentar tudo, a correrem sempre à minha volta, e eu continuo no meu passo inconstante e lento, avanço um bocadinho de cada vez, com medo do que vem a seguir e principalmente com medo que seja tarde demais para começar agora algo completamente novo para mim.
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